Já parou para pensar quanto ganha um " captador de dependentes quimicos ? "
Um grande negócio: a rede de lucro por trás das internações involuntárias de dependentes de drogas !
Conceitos e Definições
♦ Internação Involuntária: Este termo refere-se ao ato de hospitalizar uma pessoa que está sofrendo de transtornos mentais sem o seu consentimento. Tal medida só pode ser tomada quando outros tipos de assistência são insuficientes e deve sempre visar o bem-estar do paciente.
♦ Internação Voluntária: ocorre com o consentimento do paciente.
♦ Internação Compulsória: é determinada pela justiça e não necessita do consentimento do paciente nem da família.
Critérios Legais
Para que uma internação involuntária se efetue, é obrigatório que um médico ateste a necessidade da medida através de um pedido formal, que deve ser acompanhado de uma avaliação médica prévia. A lei que regulamenta tal prática no contexto de usuários e dependentes de drogas é a Lei nº 13.840, conhecida também como lei antidrogas. Segundo a legislação:
- A avaliação deve ser realizada por mais de um profissional da saúde.
- A internação deve ser formalizada e acompanhada pela família ou pelo responsável legal, sempre que possível.
- O Ministério Público deve ser notificado sobre a internação em até 72 horas.
É crucial que os procedimentos e diretrizes sejam seguidos à risca, para garantir não apenas a segurança do paciente, mas também a aplicação correta das políticas públicas de saúde e a proteção dos direitos humanos. Em casos de emergências médicas, a agilidade no processo de internação é essencial, sendo sempre fundamentada na observância das leis vigentes no Brasil.
Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD)
O Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD) é a estrutura pela qual o Brasil organiza a coordenação e a implementação das políticas relacionadas ao uso de drogas, abrangendo prevenção, cuidado e repressão.
Estrutura e Responsabilidades
O SISNAD é composto por uma rede integrada que envolve a União, órgãos públicos em todos os níveis de governo e o Ministério Público, com o objetivo de estabelecer uma política nacional unificada. Dentro dessa estrutura, o Sistema Único de Saúde (SUS) desempenha um papel crucial, garantindo a atenção à saúde dos usuários e dependentes de substâncias psicoativas, bem como suporte às suas famílias.
O resgate pode ser feito pela própria clínica ou terceirizado com parceiros. É cobrado à parte do valor do tratamento, preço que varia de acordo com a origem e destino do dependente. Se for para sair de João Pessoa, na Paraíba, com destino a Pernambuco ou Rio Grande do Norte, o valor varia entre R$ 300 a R$ 1,5 mil, segundo valor levantado em pesquisa da Retruco com oito clínicas localizadas em Pernambuco e no Rio Grande do Norte. Já o tratamento varia de R$ 1,4 mil a R$ 8,3 mil mensais.
Quatro clínicas afirmaram fazer resgate por conta própria: Comunidade Há Esperança, Clínica Terapêutica Renascer, Centro Terapêutico Nova Aurora e Centro Terapêutico Libertação e Vida. Delas, apenas a Clínica Terapêutica Renascer afirmou a necessidade de um laudo médico. As outras disseram que basta uma autorização da família. “Em muitos casos, os médicos, se assinam, muitas vezes é depois que a pessoa já está internada”, afirma Ygor Alves.
Outras quatro organizações contactadas pela Retruco indicaram serviços terceirizados: Centro Terapêutico Reviver, Grupo Recanto, Novo Tempo e Centro Terapêutico Elo. Nesses casos, os valores do resgate repassados pelos parceiros variam entre R$ 800 e R$ 1,5 mil, também a partir de João Pessoa. Das quatro pessoas consultadas, três disseram que precisavam apenas de uma autorização da família. "Nós fazemos um trabalho de espera, como a polícia. Antes do horário, já encostamos, não usamos farda, ficamos como pessoas comuns. Antes da abordagem, pegamos informações como estatura e o perfil do paciente, para que a gente se aproxime da forma correta”, explicou um dos responsáveis por resgate indicado pelas clínicas.
Os resgates são realizados por empresas, muitas vezes, criadas por ex-internos das clínicas privadas. Eles não têm formação na área de saúde, contam apenas com a experiência de tratamentos prévia. Quando é considerado “profissional”, ocorre em ambulâncias ou carros blindados. Se amador, até em carros particulares emprestados. “São empresas especializadas em sequestrar usuários. As famílias assinam contratos, passam as coordenadas e eles mandam a equipe”, descreve Ygor Alves.
O método é confirmado pelo psicanalista e fundador do Grupo Recanto, que tem unidades em Pernambuco e Sergipe, Fabrício Selbmann. “Tem muita gente fazendo isso de forma clandestina. Eu não indico resgate. Eu digo para a família, procure algo profissionalizado, pois existe de todas as formas e jeitos. E recebo da porta para dentro”, diz. Ao entrar em contato com a Recanto, a Retruco obteve o número de um homem que faz resgate acompanhado de três socorristas.
Os garimpeiros de zumbis
A imagem da capa do Facebook traz em primeiro plano uma piscina cercada por um jardim com arbustos verdes, circundados por uma grama hermética. Poderia ser uma casa de praia, mas é a área externa da Clínica Terapêutica Renascer Natal, no Rio Grande do Norte. O último post da página da entidade, de fevereiro de 2020, afirma que não existe tratamento involuntário, mas internação involuntária. Entre janeiro e fevereiro, a Renascer fez cinco postagens no grupo Febraci - Eu fui salvo por uma internação involuntária, mantido na rede social pela Federação Brasileira de Clínicas Terapêuticas Involuntárias (Febraci) . Buscava captador parceiro.
Essa é uma função comum no submundo das internações, ainda que as clínicas não admitam utilizar esse tipo de serviço em um primeiro contato. Os captadores são pessoas que recebem comissões por internação concretizada. No Nordeste, os valores costumam variar entre R$ 500 e R$ 1 mil. Nos grupos de Facebook sobre tratamento para uso abusivo de álcool e outras drogas, vendem serviços para as clínicas. Uma das postagens da Renascer recebeu cinco telefones de retorno, com DDDs de Pernambuco, Alagoas e São Paulo. Os captadores trabalham publicando banners nas redes sociais com frases como “Problemas com drogas? Podemos te ajudar!”. A premissa é chegar a familiares e amigos de dependentes químicos em grupos na internet e motivá-los a procurar o serviço das clínicas. A oferta parece despretensiosa, mas é uma rede de influência e lucro.
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